sexta-feira, 16 de outubro de 2009

MAIS UM POUQUINHO SOBRE NÓS:




Gestão Democrática
Por Simone Motta Sampaio

É uma forma de gerir uma instalação, de maneira que possibilite a participação, transparência e democracia.
Democracia: “A idéia de democracia não pode ficar separada da idéia de direitos. Trata-se de aprender a viver juntos com nossas diferenças, construir um mundo que seja cada vez mais aberto e possua também a maior diversidade possível”. (Alain Touraine)
A gestão democrática deve ser um instrumento de transformação das práticas escolares, não a sua reiteração. Este é o maior desafio, pois ela envolverá necessariamente a formulação de um novo projeto pedagógico.
Gestão escolar democrática
Algumas características da gestão escolar democrática são:
· O compartimento de decisões e informações- Compartilhar decisões significa envolver pais, alunos, professores, funcionários e outras pessoas da comunidade na administração escolar. Quando as decisões são tomadas pelos principais interessados na qualidade da escola, a chance de que dêem certo é bem maior;
· A preocupação com a qualidade da educação- a relação custo-benefício, a transparência (capacidade de deixar claro para a comunidade como são usados os recursos da escola, inclusive os financeiros). definição e fiscalização da verba da escola pela comunidade escolar; divulgação e transparência na prestação de contas;
· Elaboração do Projeto Político Pedagógico - de maneira coletiva e participativa;
· Avaliação institucional da escola - professores, dirigentes, estudantes, equipe técnica;
· Eleição direta para diretor(a);
· Constituição do Conselho escolar;

Conselhos Escolares

O conselho escolar, é o mecanismo de participação da comunidade na escola, já estão presentes em muitas escolas do país. Sua função é orientar, opinar e decidir sobre tudo o que tem a ver com a qualidade da escola (como participar da construção do projeto político-pedagógico e dos planejamentos anuais, avaliar os resultados da administração e ajudar na busca de meios para solucionar os problemas administrativos e pedagógicos, decidir sobre os investimentos prioritários).
O Conselho Escolar (CE) é um colegiado com membros de todos os segmentos da comunidade escolar com a função de gerir coletivamente a escola. Com suporte na LDB, lei nº 9394/96 no Artigo 14, que trata dos princípios da Gestão Democrática no inciso II – "participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes", esses conselhos devem ser implementados para se ter uma gestão democrática. Porém, como diz Carlos Drummond Andrade: "as leis não bastam. Os lírios não nascem das leis" (SEED 1998, p. 44). Dessa forma, os Conselhos Escolares podem servir somente para discutir problemas burocráticos, ser compostos apenas por professores e diretor(a), como um ‘Conselho de Classe’, mas se estiver dentro dos princípios da Gestão Democrática esse Conselho terá que discutir politicamente os problemas reais da escola e do lugar que ela está inserida com a participação de todos os sujeitos do processo. Para que se garanta a constituição de um Conselho Escolar com essas características, Antunes (SEED, 1998) aponta alguns parâmetros importantes a serem considerados:
Normas de funcionamento:
O Conselho Escolar deverá se reunir periodicamente, conforme a necessidade da escola, para encaminhar e dar continuidade aos trabalhos aos quais se propôs; a função do membro do CE não será remunerada; serão válidas as deliberações tomadas por metade mais um dos votos dos presentes da reunião.
Composição:
Todos os segmentos existentes na comunidade escolar deverão estar representados no CE, assegurada a paridade (número igual de representantes por segmento); o diretor é membro nato do conselho.
Processo de escolha dos membros:
A eleição dos membros e suplentes deverá ser feita na unidade escolar, por votação direta, secreta e facultativa.
Presidência do Conselho Escolar:
Qualquer membro efetivo do conselho poderá ser eleito seu presidente, desde que esteja em pleno gozo de sua capacidade civil.
Critérios de participação:
Participam do Conselho com direito a voz e voto todos os membros eleitos por seus pares; os representantes dos estudantes a partir da 4ª série ou com mais de 10 anos terão sempre direito a voz e voto, salvo nos assuntos que, por força legal, sejam restritivos aos que estiverem no gozo de sua capacidade civil; poderão participar das reuniões do Conselho, com direito a voz e não voto, os profissionais de outras secretarias que atendam às escolas, representantes de entidades conveniadas, Grêmio Estudantil, membros da comunidade, movimentos populares organizados e entidades sindicais.
A abertura dos portões e muros escolares deve estar acompanhada de uma nova proposta pedagógica que a exige. Se as escolas não estiverem predispostas a essa mudança, a gestão e a melhoria da qualidade serão expressões esvaziadas de qualquer conteúdo substantivo. (Sposito, 1990, p.55)
Por fim, é importante saber que, numa gestão democrática, é preciso lidar com conflitos e opiniões diferentes. O conflito faz parte da vida. Mas precisamos sempre dialogar com os que pensam diferentes de nós e, juntos, negociar.
O conselho da escola municipal de educação infantil Raio de Sol já atua 5 anos, desde fevereiro de 2004 com regimento próprio e dentro das normas que regem seu estatuto. Sua primeira presidente foi a professora Marcia Rosane Junqueira, segunda presidente a professora Dóris Liane Hoy Soares e agora em 2009 novamente a professora Márcia Junqueira.
Fazem parte deste colegiado 2009/2011 as professoras Amabile Lima Oliveira e Rafaela Vivian no segmento professores, Márcia Rosane Junqueira, Fátima Artioli e Tânia Adatemo Ferreira no segmento funcionários e Ana Raquel Ocana e Nelson Cesar das Neves no segmento pais.
A eleição foi realizada no mês de maio onde toda a comunidade escolar pode exercer seu poder de voto, elegendo-os como representantes desta escola.
DESCOBRINDO A MATEMÁTICA NO JARDIM 1
Por Alessandra Zancan

Objetivos
*Propor questões desafiadoras, ou seja um conjunto de ações que elevem o raciocínio ao nível de pensamento, favorecendo desta maneira a aprendizagem de regras, encorajando-as a construir por si mesmas seus próprios valores morais e limites.
*Valorizar ações autônomas das crianças, levando-as a tomada de decisões, partindo das mais simples para as mais complexas.
*Utilizar jogos para promover através deles o desenvolvimento da aprendizagem, resolução de conflitos, noções de espaço e tempo e a imaginação.
*Estimular a fantasia e a imaginação através da contação de história, utilizando diversos recursos, a fim de enriquecer o vocabulário, assim como criar o hábito da leitura.

Justificativa
Existem muitas formas de conceber e trabalhar com a matemática na Educação Infantil, pois está presente na arte, na música, em histórias, na forma como organizo o meu pensamento, nas brincadeiras e jogos infantis. As crianças descobrem coisas iguais e diferentes, organizam, classificam e criam conjuntos, estabelecem relações, observam os tamanhos, brincam com as formas, ocupam um espaço e assim, vivem e descobrem a matemática.
Smole (1999) enfatiza o fazer matemático para desenvolver a habilidade de resolver problemas, assim desenvolvera suas potencialidades em termos de inteligência e cognição. Para que isso seja possível, depende diretamente das experiências iniciais que a criança vivenciou na relação com a matemática, pois Piaget nos ensina que as estrutura intelectuais desenvolvem-se através das próprias atividades que a criança faz uso.
Pensando nisso, tudo o que temos que fazer é criar condições para que a matemática seja descoberta, oferecer estímulo e estar atentos às descobertas das crianças. Assim, buscou-se desenvolver atividades que priorizassem a descoberta de novos conhecimentos através da exploração de diversas situações.
Abaixo, será exposto algumas das atividades feitas em sala de aula
Jogo da Velha: Análise, síntese e observação.

“Segundo Piaget (1975), por meio do jogo a criança assimila o mundo para atender seus desejos e fantasias. O jogo segue uma evolução que se inicia com os exercícios funcionais, continua no desenvolvimento dos jogos simbólicos, evolui no sentido dos jogos de construção para se aproximar, gradativamente, dos jogos de regras, que dão origem à lógica operatória. Segundo o autor, nos jogos de regras existe algo mais que a simples diversão e interação pois, eles revelam uma lógica diferente da racional”. gradativamente, dos jogos de regras, que dão origem à lógica operatória. Segundo o autor, nos jogos de regras existe algo mais que a simples diversão e interação pois, eles revelam uma lógica diferente da racional”.

Dominó com caixa de leite: Exploração de quantidade, atenção e observação (igualdade e diferença).
Jogo do Ratinho: Descentrar-se, colocando-se no lugar do outro;Considerar as possibilidades e impossibilidades, prever. Ensaio / erro = linhas circulares

Amarelinha: Coordenação motora e exploração de quantidades.

“As regulações ativas geradas por este processo implicam decisões deliberadas dos indivíduos que originam novos procedimentos de jogo. Apresentam um caráter construtivo e por meio delas a retomada de uma ação é sempre modificada pelos resultados da ação anterior em um processo contínuo de modificação das ações seguintes, em função dos resultados das ações precedentes (MACEDO, 1994)”.

*Manipulação, construção e representação de objetos estruturados, desenvolvimento de habilidades de discriminação e memória visual;
*Constância de forma e tamanho.

Blocos Lógicos: Conhecimento matemático dos objetos do espaço que se tornam objetos geométricos, passa por um esforço de sistematização coerente. Os objetos reais são um simples pretexto de pensamento matemático. “São suas propriedades que serão repertoriadas, diferenciadas, comparadas”. PIRES (p.29)

Siga Lógica: Observar e reproduzir uma seqüência de cores e formas.

"Para que o ser humano se relacione bem com a Matemática é necessário que faça todas as relações possíveis entre os objetos: é igual, é diferente, é maior, é menor etc. Do ponto de vista pedagógico, acreditamos ser importante que o professor leve a criança a construir todas as relações possíveis entre os objetos, nas construções do seu próprio brincar: agrupar objetos por suas semelhanças; fazer classificações simples e em série; comparar tamanhos: maior, menor, igual etc." Rosa Maria Maciel e Maria Luiza Benedetti
Conclusão:
O trabalho de Matemática na Educação Infantil deve, dessa forma, garantir que as crianças façam mais do que recitar números e decorar os nomes de figuras geométricas. É preciso que possam, partindo dos conhecimentos prévios de cada uma, avançar em seus conhecimentos mediante situações significativas de aprendizagem.
Várias são as possibilidades para que isso ocorra: as situações de jogos; as resoluções de problemas; as atividades lógicas etc. O que vai garantir um aprendizado efetivo é que a criança possa ser o protagonista desse processo, ou seja, um ser ativo que busca respostas a questões verdadeiras e instigantes.

Bibliografia:
• PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
• SMOLE S.; DINIZ, M.; CÂNDIDO, P. Brincadeiras infantis nas aulas de matemática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
• TOMAZINHO, R. As atividades e brincadeiras corporais na pré-escola: um olhar reflexivo. Dissertação de Mestrado. Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

PÉROLAS
Por Graziela Cunha (professora do Jardim 2)


Oi pessoal, para quem já acompanhava a nossa história, sabe que desde 2004 estamos “no ar” com nosso jornalzinho incluindo as famosas PÉROLAS DA RAIO DE SOL, portanto hoje em 2009 retornamos com os registros destes pedacinhos de alegria que recheiam nosso dia-a-dia no cotididano escolar. Estamos no segundo semestre de mais um ano letivo e este está cheinho de novas descobertas e aprendizagens que já começaram a acontecer...
Aqui estão as “pérolas” dos nossos educandos que são “frases de efeito”, que retratam a magia e o encantamento dos nossos pequeninos através da leitura de mundo que fazem pelas janelas da infância. Vamos então nos deliciar com as falas de nossas crianças neste universo de fantasia...
Lembramos também que as frases são captadas no ambiente escolar ou trazidas pelos pais e mães para nossos registros e são transcritas na íntegra a fim de que os leitores possam visualizar o momento do acontecimento de forma mais fidedigna possível, buscando refazer o contexto passado.
Afinal criança diz cada uma!
*Gabriel J1B “ Eu fui lá no terçário! (ele foi no Berçário)
*outra do Gabriel “ A vice diretora Tana chegou na sala do J1B e falou que bonita a rosa que tu desenhou Gabriel e ele disse: - Não é rosa é VERDE! (vê se pode?)

*Será que eu também fui bunitinho assim???”
(Roberto-J2 admirando a bebê da professora que estava no berçário e olhando para o alto “tentando recordar” seu tempo de bebê de colo... querido!)

* “Olha só profe, tá todo mundo na Área Roberta!”
(Taiane-J2, reclamando que todos os colegas ao invés de estarem no pátio conforme combinado estavam todos brincando na ÁREA COBERTA, hihihi!

*As professoras explicando os cuidados necessários para não contrair a gripe A, falando o quanto é importante manter as mãos limpas quando a Amanda do M2 diz: É profe... a minha mãe disse pra eu não pegar gripe com a mão!
Educação infantil mudando vidas....
Rafaela Barcellos Vivian¹

Em meados de agosto de 2008, iniciamos a adaptação de uma turma de Maternal 2 com idades bem variadas, de 2 anos e meio a 4 anos. A maior parte desse grupo ainda não tinha vivenciado nenhuma experiência de educação infantil e além disso iniciava a sua trajetória de inserção escolar num período em que todas as demais turmas já estavam “no andar da carruagem”.
A inserção desses pequenos foi uma experiência muito marcante para todas nós, educadoras, envolvidas no processo, pois pudemos perceber o quanto é importante o papel da escola infantil na socialização, educação e aprendizagem da turma. E tudo o que ocorreu só foi possível devido ao comprometimento das famílias envolvidas e da segurança que passavam para seus filhos ao deixarem-nos sobre o nosso cuidado.
Inicialmente, desenvolvemos um projeto de adaptação, para que esse momento fosse mais prazeroso e significativo, afinal estavam ingressando num novo mundo, cheio de cores, cheiros, sons e sabores diferentes. Os espaços e horários eram diferentes da rotina familiar e precisaram ser transformados em momentos de descobertas, fosse na hora da alimentação, da brincadeira, do pátio, daquela história gostosa que tanto enchia a nossa mente de palavras mágicas e situações encantadoras.
Nesse processo apareceram os personagens que também sentiam saudades dos pais, as brincadeiras com massa de modelar caseiras, as músicas do CD da mulher gigante, as cantigas de roda e brincadeiras em grupo, enfim, múltiplas linguagens através das quais essas crianças puderam se mostrar, se revelar de uma outra forma e dar um sentido a essa nova vivência...na escola Raio de Sol.
Mas claro, a inserção escolar, não é só alegrias e descobertas, ela também traz consigo, inicialmente, o sofrimento da separaçãos dos pais, o medo de não ser buscado no final do dia, a não aceitação da alimentação, e muitas lágrimas surgem até que essa criança se sinta segura nesse novo espaço, cheio de descobertas, mas também de desafios, de universos a serem conquistados, novos hábitos e conhecimentos, novas formas de se relacionar com o outro.
Mas, podemos dizer, que nossa turma se encontrou e se revelou nesse novo mundo. Os mesmos pais e mães que nas entrevistas mostravam certa apreensão, nas reuniões durante o semestre, traziam relatos maravilhosos do quanto a escola estava sendo importante para o seu filho. Um dos relatos que mais nos marcou foi de uma avó que dizia :” Eu não sei o que vocês fazem com essas crianças aqui! Só sei que a outra avó do meu neto nem queria mais ficar com ele porque ele não ouvia ninguém” , e agora, até ela pede para ele ir para lá, por que ele está outra criança”.
Trazemos esse relato não apenas para mostrar mudanças de hábitos, mas para demonstrar que muitas vezes, filhos e netos únicos não tem experiência de socialização em outros espaços e quando isso ocorre, mediante uma intervenção adequada, afetiva, com explicações simples, a mensagem do “não” é compreendida, o limite é aceito e regras novas e significativas são construídas no cotidiano do grupo. As crianças aprendem a repartir, a fazer curativo no amigo quando estes se machucam, a gradativamente respeitar o colega, dentro claro, das especificidades da sua faixa etária. E nesses momentos nos alegramos por que vimos um crescimento real através da troca, das brincadeiras, das pinturas, das histórias que permeiam o nosso imaginário!!
Enfim...educação infantil feita com amor e compromisso...é uma educação que muda vidas!!!

¹professora berçário 1

Um novo espaço, para novas descobertas...
Por Aline Griebler Alves e Aira Veeck

O projeto foi realizado na escola municipal de educação infantil, com uma turma de quinze crianças por turno, com idades variando de dois anos e meio a três anos, caracterizando uma turma de Maternal 1, quatro profissionais atuavam na sala, duas por turno, as educadoras reuniam-se uma vez por semana ,três horas, para planejar fora da turma e bimestralmente a escola disponibilizava um encontro de duas horas para planejamento entre turnos. O projeto foi realizado no turno da manhã pelas professoras Aline G. Alves e Aira Veeck.
O projeto foi desenvolvido após as observações que possibilitaram a percepção da necessidade das crianças em descobrir e explorar diferentes espaços, consistiu na inserção de novos objetos na sala de aula, onde maiores possibilidades de exploração foram criadas, através da montagem de pequenos espaços que estimulem e desenvolvam a curiosidade das crianças por meio da ludicidade e brincadeira, segundo Heinkel, “nessas situações de brincadeira a criança aprende. Cria e recria o mundo a sua volta conforme a sua maneira de ver e sentir essa realidade social.” (2003, p. 22)
Com este projeto visou-se desenvolver as potencialidades das crianças, valorizando seus avanços em relação às descobertas que aconteceram por meio das interações nos diferentes espaços criados no decorrer do mesmo.
Os resultados foram quase que imediatos, as crianças passaram a interagir mais entre si e com o meio, demonstrando ótimo desenvolvimento de sua cognição, bem como de suas relações no grupo.
Uma das fases mais importantes na vida de uma criança é a primeira infância, onde o indivíduo forma seus hábitos, valores, atitudes, autonomia e constrói as bases de sua personalidade. E é nessa fase, tão fascinante, que a Educação Infantil atua, fazendo grande diferença na vida desses pequenos alunos. Segundo, Horn (2007, p. 102)

"O espaço, então, é entendido numa perspectiva definida em diferentes dimensões: a física, a funcional, a temporal e a relacional, legitimando-se como elemento curricular. Nessa dimensão, ele possibilita oportunidades para a aprendizagem, por meio das interações possíveis entre crianças e objetos e delas entre si. A partir dessa perspectiva, o espaço nunca é neutro, podendo ser estimulante ou limitador de aprendizagens, dependendo das estruturas espaciais que estão postas e das linguagens que estão representadas. "

Nesta perspectiva, iniciamos então a aplicação do projeto a fim de verificar os possíveis benefícios que a mudança no espaço da sala de aula pode trazer ou não à aprendizagem das crianças inseridas neste contexto.
Inicialmente foram feitas observações dos alunos em seu espaço de sala de aula e posteriormente retirados objetos que costumeiramente integram o ambiente de sala de aula na Educação Infantil, como a mesa das educadoras e um armário, onde eram guardados os cobertores e travesseiros utilizados na hora do sono dos alunos, estes foram redistribuídos em outros espaços disponibilizados pela escola, no lugar foram colocados os seguintes objetos, um em cada dia da semana, em que as modificações ocorreram, respectivamente: um túnel de pano, rolos decorados, uma almofada em tamanho grande cheia de balões e diferentes materiais sonoros, como papel celofane e plásticos cobertos com bolhas que eventualmente estouram e produzem som, um tapete, almofadas menores e um suporte para livros, formando um “cantinho da leitura”, bambolês, uma cortina de garrafas pet, também foi inserida em sala de aula uma bola gigante que serve tanto para os momentos de descontração dos alunos como para estimulá-los fisicamente e, ainda, uma barra de apoio perto de uma das janelas, já que a turma integrava três alunos com necessidades educativas especiais.
As primeiras observações mostraram que as crianças dependiam da intervenção direta das educadoras para interagir com brinquedos e outros objetos existentes na sala, já que estes estavam dispostos em uma estante, também foi possível perceber que estes objetos eram de pequeno e médio porte, assim tornou-se mais interessante para o projeto inserir objetos de grande porte, diferentes dos que as crianças conheciam.
As observações posteriores às mudanças da sala mostraram grande interesse das crianças pelos novos objetos, foi possível constatar melhor relacionamento entre elas, além de estarem mais autônomas em relação às brincadeiras realizadas nos momentos livres, onde criavam e recriavam maneiras de explorar os diversos materiais que agora estavam dispostos em seu meio de interação e ao alcance de suas mãos.
Com tudo isto, foi possível verificar e presenciar os benefícios trazidos pelas mudanças na sala de aula, o que nos possibilitou como educadoras da turma tomar conhecimento de que nem sempre a intervenção do adulto se faz necessária, pois, conforme Heinkel,

"A aprendizagem faz parte das relações humanas. O ser humano, em suas diferentes situações de vida, constrói e reconstrói saberes que realmente são significativos para ele naquele momento. A criança, em suas relações com o mundo real, também faz a sua releitura dos acontecimentos ao seu redor. (p.23) "

Portanto, nos momentos em que as crianças puderam sentir-se autoras de suas interações com o meio e umas com as outras as aprendizagens ocorreram de maneira mais efetiva.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HEINKEL, Dagma. O brincar e a Aprendizagem na Infância. Coleção Livros de Bolsa. Editora Unijuí. Ijuí/RS. 2003;
HORN, Maria da Graça Souza. In.Infâncias cidades e escolas amigas das crianças. Editora Mediação. Porto Alegre/RS. 2007.




"Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino".( Paulo Freire )

O conjunto de nossas aprendizagens, foram transformando-se em projetos pensados com e para os alunos, no entanto ainda nos faltava registrar nossa prática de maneira que pudéssemos avaliá-la enquanto educadores. Foi a partir destas inquietações que optamos então em realizarmos internamente um mini seminário, onde apresentaríamos aos nossos colegas nossos projetos. Começávamos aí a despertar para o efetivo registro de nossa prática, um despertar inquieto e apaixonante que nos instigava seguir por um caminho sem voltas. Estávamos à procura do conhecimento de nós mesmos!
As próximas postagens irão trazer um pouquinho dos nossos projetos desenvolvidos em 2008, traduzindo assim nossos sonho realizados.

sábado, 10 de outubro de 2009

A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS E DOS TEMPOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por/Graziela C. Loro Cunha – professora J2

Um dos momentos marcantes de nosso primeiro seminário aconteceu quando participamos de uma “conversa” com a Professora Darlize Mello, Doutoranda em Educação pela Ufrgs, Mestre em Educação e Professora do curso de Pedagogia da Ulbra em Canoas e da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, em julho de 2007 onde discutimos e repensamos o tema em questão, tal foco baseava-se no espaço físico escolar, o ambiente da sala de aula e as relações que se estabelecem neste meio...


Um tema que há muito nos inquietava na educação infantil: como organizar os espaços e tempos nesse nível de ensino?
Com o olhar voltado para a sala de aula, buscando vislumbrar como isso vinha acontecendo e pensando na possibilidade de reorganização deste espaço, problematizamos nossa realidade através da contribuição da Professora Darlize quando nos instigou a refletir sobre os critérios utilizados para esta organização, repensamos quais as necessidades do grupo de crianças nos aspectos:
* de afetividade
* de autonomia
* de movimento
* de socialização
* de necessidades fisiológicas
* de descoberta, de exploração e conhecimento.
Estas questões permeando o fazer pedagógico nos fizeram questionar: o que é o tempo na educação infantil? Como organizá-los? A que e a quem se destinam? Como e quando modificá-los?
Segundo Forneiro (1998, p. 232-233):

"O tempo espaço refere-se ao espaço físico, ou seja, aos locais para a atividade caracterizados pelos objetos, pelos materiais didáticos, pelo mobiliário e pela decoração. Já o termo ambiente refere-se ao conjunto do espaço físico e às relações que se estabelecem no mesmo (os afetos, as relações interpessoais entre as crianças, entre crianças e adultos, entre crianças e sociedade em seu conjunto)."

Com este propósito lançado, entendemos que a organização dos espaços e tempos na educação infantil refere-se a um todo indissociável de objetos, odores, formas, cores, sons e pessoas.

Pessoas que habitam esses espaços, vivenciam esses tempos, dentro de uma estrutura física determinada, às vezes ampla, às vezes pequena, que contém tudo e que ao mesmo tempo, é contida por todos esses elementos. É algo que transmite sensações, evoca recordações, passa segurança ou inquietações, não nos deixa indiferentes, portanto não é neutra.
Relembrando novamente as palavras de Forneiro, temos que:
O espaço jamais é neutro. A sua estruturação, os elementos que o formam comunicam ao indivíduo uma mensagem. O educador não pode conformar-se com o meio tal qual lhe é oferecido, deve comprometer-se com ele, deve incidir, transformar, torná-lo do grupo.
Assim, houveram reais modificações na forma de pensar e estruturar a sala de aula na educação infantil da EMEI Raio de Sol e por meio de relatos de demais educadoras de outras escolas infantis do município de Esteio, onde novas idéias foram propostar a partir do exercício do olhar sensível voltado para este meio, como se ouviu “salas de aula vieram abaixo”, em um movimento de liberdade e criação onde se levou em conta o cuidado com o excesso de estímulos visuais e sonoros, o que realmente vale a pena estar em nossas paredes, onde se compreendeu a importância de termos materiais à altura das crianças para que possam interagir e não somente visualizar, onde se priorizou espaços para socializar e espaços para o isolamento momentâneo, onde a criança sente necessidade de ficar sozinha por vontade dela...
Temos hoje, portanto, uma sala de aula sob uma nova ótica pensando sempre na rotina e no fazer pedagógico num constante ensaio de otimização destes espaços com o intuito de ir e voltar na troca de experiências múltiplas nos contextos escolares e práticas educativas em busca da qualidade na educação infantil.

Sugestões de leituras que abordam este tema:

BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Por amor e por força: rotinas na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2006.
CARVALHO, Mara I. Campos de; RUBIANO, Márcia R. Bonagamba. Organização do espaço em instituições pré-escolares. In: OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos. Educação Infantil: muitos olhares. 7. Ed. São Paulo: Cortez, 2007.
FORNEIRO, Lina Iglesias. A organização dos espaços na educação infantil. In: ZABALZA, Miguel. Qualidade em educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 1998.
HORN, Maria da Graça. Sabores, cores, sons e aromas: a organização dos espaços na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.
MOYLES, Janet R. Só brincar? O papel da Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

CORPO E MOVIMENTO
Por Tana O.de Oliveira

Não é possível falar em infância, sem lembrar de movimento, de agitação, de interação com o outro, com o corpo, com o lúdico. Pensando nisso, o II Seminário de Educação Infantil: Escola infantil: Que lugar é este? Abriu com o professor Doutor Darci Orso. Apesar da noite fria e chuvosa, as atividades e brincadeiras propostas entusiasmaram os participantes, que participaram demonstrando interesse e disposição. O palestrante deu ênfase à participação de todos durante o processo de ensino-aprendizagem, onde o professor como mediador é peça fundamental para que a integração e o desenvolvimento aconteça.
Partindo da sábia frase de Clarapède: “Nada mais sério do que uma criança brincando”, veio a motivação para propor aos educadores momentos de reflexão e valorização do brincar e suas manifestações na Educação Infantil, visando sempre o desenvolvimento sócio afetivo das crianças.


FORMAÇÃO CONTINUADA

Manter-se atualizado sobre novas metodologias de ensino e desenvolver práticas pedagógicas mais eficientes são alguns dos principais desafios da profissão docente hoje em dia. Frente a tantas mudanças no campo educacional cabe a nós educadores investir em um processo de formação permanente e de qualidade. Uma das grandes expectativas declaradas atualmente por parte de educadores em geral, diz respeito ao planejamento e a organização do trabalho pedagógico.
Por trás dessa expectativa encontra-se a idéia de uma nova escola, desta forma faz-se importante as reuniões de formação.
Segundo NOVOA, a formação deve se dar baseada em dois pilares: o professor como agente, e a escola como lugar de crescimento profissional, ou seja, a formação depende do trabalho de cada um, pois mais importante do que formar é formar-se, uma vez que o professor deve estar aberto e disposto a buscar novos conhecimentos e aplicá-los.
E neste contexto, o professor deve ver a escola não só como o lugar que ele ensina, mas onde aprende, já que a atualização e a produção de novas práticas só surgem a partir de uma reflexão partilhada entre os colegas.
O enfrentamento da complexidade dessa formação exige :
*Tempo para a construção da confiança que permite a coragem de expressar os próprios desejos, as próprias dúvidas e os próprios medos;
*Tempo para a revisão e a crítica de cada convicção publicada;
*Tempo para se tomar nas mãos as manifestações de cada um “olhando devagar para elas” (Fernando Pessoa).
*Tempo para se compreender que cada instante é diferente, e cada homem é diferente, e somo todos iguais” (Carlos Drummond de Andrade).
A formação é um fazer permanente que se refaz constantemente na ação. E para que este processo realmente seja permanente é que existem as reuniões pedagógicas dentro da escola, para que em torno de problemas reais, vividos por nós e pelos alunos, possamos refletir essa prática coletivamente e buscar resposta para nossas dúvidas.
Partindo desta concepção foi que pensamos na organização e realização de um Seminário de Educação Infantil que viesse ao encontro das especificidades e questionamentos em relação ao trabalho com crianças de 0 a 5 anos, dentro de um contexto onde os profissionais encontram-se em diferentes níveis de formação.
O Seminário de Educação Infantil, visa desenvolver diálogo voltado aos profissionais da área da educação, fomentando o aperfeiçoamento dos processos de ensino e aprendizagem, através da exposição das experiências e vivências do dia-a-dia nas escolas de educação infantil do município de Esteio.
Buscando beneficiar as crianças assistidas com a implantação das ações bem sucedidas expostas no seminário.
Em 2007 iniciamos o projeto com a “cara e a coragem” tínhamos pouco dinheiro, mas alguns objetivos traçados que nos impeliam a correr atrás deste sonho. Nosso primeiro passo foi à formação de uma comissão e após de um cronograma contendo as datas e atividades a serem realizadas.
Em 2008 um pouco mais experientes, ousamos sonhar mais alto e partimos em busca de um patrocínio, após muitas portas fechadas, encontramos uma aberta e formamos parceria com a REFAP (Refinaria Alberto Pasqualine) o que nos possibilitou um evento mais rico em recursos materiais.
Agora em 2009, a grande virada, o ápice de nossa aprendizagem, nosso III Seminário e com ele uma grande realização, a criação desse blog, escrito à várias mãos, imaginado, esperado e enfim disponível na rede.
LIMITES NOS PEQUENOS DITADORES OU EM SEUS MODELOS?
Geneci Mara R. e Silva¹

A cada dia vivenciamos fatos resultantes do deficitário comportamento social dos nossos jovens ,uma complicada deficiência resultante da perda do saber “quando parar” ,”qual é o meu limite”, “qual é o seu limite “e principalmente quais são as minhas referências.
Lembro que a poucos anos atrás palavra de mãe e pai não eram questionadas e que seus olhares falavam expressivamente.Hoje , inexperientes e relutantes ao antigo regime autoritário familiar optamos pela jovem democracia,mas será que estamos preparados para esta educação contemporânea?
Em nossa rotina de Escola Infantil , vimos pais que sem argumentos atendem as exigências de seus filhos chantageados pelas lágrimas destes , lágrimas que logo desapareceram quando alcançam seus objetivos , pequenos ditadores que por vezes ameaçam suas professoras como:...vou contar pro meu pai e tu vai vê...,ou...minha mãe vai te dá um pau em ti.Eis a pergunta que não se faz calar.Quem são estes modelos que dão base a está educação democrática?
São estas questões que levam a escola firmar junto a família a necessidade de repensarmos e responsabilidade da instituição família,que tentando acertar buscou usar de um sistema complexo que exige modelos,escuta constante,posições definidas e principalmente respeito que consequentemente leva aos limites.
Estejamos nós pais,atentos,pois são eles os ditos LIMITES que sustentam e protegem nós humanos da degradação social familiar.

¹ Orientadora Educacional da EMEI Raio de Sol.
A INCLUSÃO EM NOSSO COTIDIANO
Geneci Mara R. e Silva¹


Quando nos foi trazido quanto profissionais da educação, a inclusão escolar de crianças
NEEs não mais como um simples paradigma,mas como algo possível e real,vimos diante dos olhos um dos maiores ou o maior desafio a nossa competência. Será que somos capazes? Nos preparamos para esse trabalho? Estas eram as grandes indagações que percorriam os
corredores da escola e alicerçavam a resistência das nossas professoras diante do novo enfrentamento.
Porém convictas de que idéias e verdades não nos tiram inteiramente de dificuldades e tão pouco são definitivas, juntas buscamos reaprender a aprender conscientes de que naquele momento nosso olhar deveria estar voltado a diversidade, as diferenças. E, foi neste turbilhão de indagações e buscas constantes que chegou à escola M, olhos lindos, sorriso aberto, gestos confiantes no seu poder de superação e tetraplégico, laudo: síndrome encéfalo-caudal.
Desacomodadas do nosso fazer sempre tão igual e extasiadas com tanta versatilidade que M nos mostrava fomos buscar uma pedagogia dinamizadora, capaz de dar nova cara as práticas que já conhecíamos como educação, fazendo das especificidades do nosso menino uma bandeira aos novos desafios. Aos poucos, gradativamente fomos percebendo que a inclusão não prevê o uso de práticas de ensino específicas e M, foi nosso grande mestre, ele nos mostrou que alunos NEEs aprendem nos seus limites e se o ensino for de fato de boa qualidade contemplará a todas as realidades da classe. Esta primeira e decisiva experiência abriu caminhos para que a EMEI Raio de Sol², buscasse através de formações e ressignificações de concepções e práticas, abrir caminhos a uma nova realidade.
Hoje, atendendo um número significativo de alunos de inclusão,lembramos de todos os caminhos que trilhamos para podermos levantar esta bandeira com propriedade e responder com eficiência a toda demanda oferecida ao sistema educacional do município. No entanto, quanto escola infantil estamos conscientes da crescente necessidade da busca constante de conhecimento, de se identificar e de remover possíveis barreiras, nos colocando disponíveis frente aos novos desafios do dia-a-dia e nos desvencilhando dos medos que o desconhecido provoca, pois ele impõe limites e fecha portas.

¹ Orientadora Educacional da EMEI Raio de Sol.
² Escola Municipal de Educação Infantil Raio de Sol, município de Esteio.

“Conte-me seu sonho para que possamos sonhar juntos”
Paulo Freire

O nascimento do blog “Aprendendo com as experiências” surgiu de um sonho, não de um sonho solitário, mas de um sonho sonhado por um grupo, que assim como uma “contaminação” não se sabe quem foi o primeiro a contrair, nem quando começou a epidemia, só sabemos que não existe cura para tal “doença” ela vai se instalando e se alastrando.
Alguns tentaram responsabilizar a equipe pedagógica, esta por sua vez responsabiliza a audácia que o grupo teve de transformar dúvidas em material de trabalho, observações em possibilidades, sonhos em realidade, tudo isto devidamente estudado e registrado.
Aqui procuraremos traduzir nossa caminhada, construída passo a passo, por caminhos sinuosos, retratando nossas vivências, acreditando no possível que nasce da contribuição de cada um que compõem a escola, entendendo que é no hoje que construiremos o amanhã.