quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Educação infantil mudando vidas....
Rafaela Barcellos Vivian¹

Em meados de agosto de 2008, iniciamos a adaptação de uma turma de Maternal 2 com idades bem variadas, de 2 anos e meio a 4 anos. A maior parte desse grupo ainda não tinha vivenciado nenhuma experiência de educação infantil e além disso iniciava a sua trajetória de inserção escolar num período em que todas as demais turmas já estavam “no andar da carruagem”.
A inserção desses pequenos foi uma experiência muito marcante para todas nós, educadoras, envolvidas no processo, pois pudemos perceber o quanto é importante o papel da escola infantil na socialização, educação e aprendizagem da turma. E tudo o que ocorreu só foi possível devido ao comprometimento das famílias envolvidas e da segurança que passavam para seus filhos ao deixarem-nos sobre o nosso cuidado.
Inicialmente, desenvolvemos um projeto de adaptação, para que esse momento fosse mais prazeroso e significativo, afinal estavam ingressando num novo mundo, cheio de cores, cheiros, sons e sabores diferentes. Os espaços e horários eram diferentes da rotina familiar e precisaram ser transformados em momentos de descobertas, fosse na hora da alimentação, da brincadeira, do pátio, daquela história gostosa que tanto enchia a nossa mente de palavras mágicas e situações encantadoras.
Nesse processo apareceram os personagens que também sentiam saudades dos pais, as brincadeiras com massa de modelar caseiras, as músicas do CD da mulher gigante, as cantigas de roda e brincadeiras em grupo, enfim, múltiplas linguagens através das quais essas crianças puderam se mostrar, se revelar de uma outra forma e dar um sentido a essa nova vivência...na escola Raio de Sol.
Mas claro, a inserção escolar, não é só alegrias e descobertas, ela também traz consigo, inicialmente, o sofrimento da separaçãos dos pais, o medo de não ser buscado no final do dia, a não aceitação da alimentação, e muitas lágrimas surgem até que essa criança se sinta segura nesse novo espaço, cheio de descobertas, mas também de desafios, de universos a serem conquistados, novos hábitos e conhecimentos, novas formas de se relacionar com o outro.
Mas, podemos dizer, que nossa turma se encontrou e se revelou nesse novo mundo. Os mesmos pais e mães que nas entrevistas mostravam certa apreensão, nas reuniões durante o semestre, traziam relatos maravilhosos do quanto a escola estava sendo importante para o seu filho. Um dos relatos que mais nos marcou foi de uma avó que dizia :” Eu não sei o que vocês fazem com essas crianças aqui! Só sei que a outra avó do meu neto nem queria mais ficar com ele porque ele não ouvia ninguém” , e agora, até ela pede para ele ir para lá, por que ele está outra criança”.
Trazemos esse relato não apenas para mostrar mudanças de hábitos, mas para demonstrar que muitas vezes, filhos e netos únicos não tem experiência de socialização em outros espaços e quando isso ocorre, mediante uma intervenção adequada, afetiva, com explicações simples, a mensagem do “não” é compreendida, o limite é aceito e regras novas e significativas são construídas no cotidiano do grupo. As crianças aprendem a repartir, a fazer curativo no amigo quando estes se machucam, a gradativamente respeitar o colega, dentro claro, das especificidades da sua faixa etária. E nesses momentos nos alegramos por que vimos um crescimento real através da troca, das brincadeiras, das pinturas, das histórias que permeiam o nosso imaginário!!
Enfim...educação infantil feita com amor e compromisso...é uma educação que muda vidas!!!

¹professora berçário 1

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