quinta-feira, 15 de outubro de 2009


Um novo espaço, para novas descobertas...
Por Aline Griebler Alves e Aira Veeck

O projeto foi realizado na escola municipal de educação infantil, com uma turma de quinze crianças por turno, com idades variando de dois anos e meio a três anos, caracterizando uma turma de Maternal 1, quatro profissionais atuavam na sala, duas por turno, as educadoras reuniam-se uma vez por semana ,três horas, para planejar fora da turma e bimestralmente a escola disponibilizava um encontro de duas horas para planejamento entre turnos. O projeto foi realizado no turno da manhã pelas professoras Aline G. Alves e Aira Veeck.
O projeto foi desenvolvido após as observações que possibilitaram a percepção da necessidade das crianças em descobrir e explorar diferentes espaços, consistiu na inserção de novos objetos na sala de aula, onde maiores possibilidades de exploração foram criadas, através da montagem de pequenos espaços que estimulem e desenvolvam a curiosidade das crianças por meio da ludicidade e brincadeira, segundo Heinkel, “nessas situações de brincadeira a criança aprende. Cria e recria o mundo a sua volta conforme a sua maneira de ver e sentir essa realidade social.” (2003, p. 22)
Com este projeto visou-se desenvolver as potencialidades das crianças, valorizando seus avanços em relação às descobertas que aconteceram por meio das interações nos diferentes espaços criados no decorrer do mesmo.
Os resultados foram quase que imediatos, as crianças passaram a interagir mais entre si e com o meio, demonstrando ótimo desenvolvimento de sua cognição, bem como de suas relações no grupo.
Uma das fases mais importantes na vida de uma criança é a primeira infância, onde o indivíduo forma seus hábitos, valores, atitudes, autonomia e constrói as bases de sua personalidade. E é nessa fase, tão fascinante, que a Educação Infantil atua, fazendo grande diferença na vida desses pequenos alunos. Segundo, Horn (2007, p. 102)

"O espaço, então, é entendido numa perspectiva definida em diferentes dimensões: a física, a funcional, a temporal e a relacional, legitimando-se como elemento curricular. Nessa dimensão, ele possibilita oportunidades para a aprendizagem, por meio das interações possíveis entre crianças e objetos e delas entre si. A partir dessa perspectiva, o espaço nunca é neutro, podendo ser estimulante ou limitador de aprendizagens, dependendo das estruturas espaciais que estão postas e das linguagens que estão representadas. "

Nesta perspectiva, iniciamos então a aplicação do projeto a fim de verificar os possíveis benefícios que a mudança no espaço da sala de aula pode trazer ou não à aprendizagem das crianças inseridas neste contexto.
Inicialmente foram feitas observações dos alunos em seu espaço de sala de aula e posteriormente retirados objetos que costumeiramente integram o ambiente de sala de aula na Educação Infantil, como a mesa das educadoras e um armário, onde eram guardados os cobertores e travesseiros utilizados na hora do sono dos alunos, estes foram redistribuídos em outros espaços disponibilizados pela escola, no lugar foram colocados os seguintes objetos, um em cada dia da semana, em que as modificações ocorreram, respectivamente: um túnel de pano, rolos decorados, uma almofada em tamanho grande cheia de balões e diferentes materiais sonoros, como papel celofane e plásticos cobertos com bolhas que eventualmente estouram e produzem som, um tapete, almofadas menores e um suporte para livros, formando um “cantinho da leitura”, bambolês, uma cortina de garrafas pet, também foi inserida em sala de aula uma bola gigante que serve tanto para os momentos de descontração dos alunos como para estimulá-los fisicamente e, ainda, uma barra de apoio perto de uma das janelas, já que a turma integrava três alunos com necessidades educativas especiais.
As primeiras observações mostraram que as crianças dependiam da intervenção direta das educadoras para interagir com brinquedos e outros objetos existentes na sala, já que estes estavam dispostos em uma estante, também foi possível perceber que estes objetos eram de pequeno e médio porte, assim tornou-se mais interessante para o projeto inserir objetos de grande porte, diferentes dos que as crianças conheciam.
As observações posteriores às mudanças da sala mostraram grande interesse das crianças pelos novos objetos, foi possível constatar melhor relacionamento entre elas, além de estarem mais autônomas em relação às brincadeiras realizadas nos momentos livres, onde criavam e recriavam maneiras de explorar os diversos materiais que agora estavam dispostos em seu meio de interação e ao alcance de suas mãos.
Com tudo isto, foi possível verificar e presenciar os benefícios trazidos pelas mudanças na sala de aula, o que nos possibilitou como educadoras da turma tomar conhecimento de que nem sempre a intervenção do adulto se faz necessária, pois, conforme Heinkel,

"A aprendizagem faz parte das relações humanas. O ser humano, em suas diferentes situações de vida, constrói e reconstrói saberes que realmente são significativos para ele naquele momento. A criança, em suas relações com o mundo real, também faz a sua releitura dos acontecimentos ao seu redor. (p.23) "

Portanto, nos momentos em que as crianças puderam sentir-se autoras de suas interações com o meio e umas com as outras as aprendizagens ocorreram de maneira mais efetiva.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HEINKEL, Dagma. O brincar e a Aprendizagem na Infância. Coleção Livros de Bolsa. Editora Unijuí. Ijuí/RS. 2003;
HORN, Maria da Graça Souza. In.Infâncias cidades e escolas amigas das crianças. Editora Mediação. Porto Alegre/RS. 2007.

Um comentário:

  1. Amei o artigo. Bem útil na educação infantil é a liberdade das brincadeiras lúdicas. Construir e criar novos aprendizados, isso é o que proporciona a exploração dos espaços pelos pequenos!

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